Em Trajano de Morais, alunos aprendem a reciclar e o que antes ia para o lixo, vira roupa

Uma escola, na cidade da região serrana, mostra que é possível ter ensino público e de qualidade. A escola já ficou entre as primeiras colocadas na Prova Brasil.

O CIEP Professora Guimar Gonçalves Neves em Trajano de Morais é um exemplo de que é possível ter ensino público de qualidade. Há 4 anos foi colocada entre as 33 escolas do país com melhor desempenho na prova Brasil, que mediu o desemprenho em leitura e matemática de alunos de quarta a oitava séries do ensino fundamental de escolas públicas urbanas. Por causa da avaliação o colégio fez parte de um estudo da Inicef, do Mec e do Inep, e entre as tantas qualidades da pedagogia aplicada em sala de aula e na gestão da unidade, um projeto ainda hoje um dos mais quridos pelos alunos: eles aprendem a reciclar o que iria para o lixo, e abusam da criatividade para montar roupas que viram peças que farão parte de um desfile.

São 468 alunos que estudam no CIEP Guiomar Gonçalves Neves em Trajano de Morais. Mais do que aprender as disciplinas convencionais, os alunos descobrem a importância de se preservar a natureza na sala de aula. Quase tudo que normalmente vai para o lixo, é utilizado na confecção de roupas estilosas. Pratos e garfos de plástico pintados dão charme ao vestido. As bexigas verdes misturadas a outros materiais coloridos formam outro figurino com o tema da bandeira do Brasil. Copinhos de plástico também são utilizados na decoração. Até aquela cortina de banheiro um pouco usada, serve para alguma coisa. Folhas de árvores também são reutilizadas.

O que era pra ensinar conceitos de ecologia, ganhou mais importância. A atividade ajuda na socialização, estimula o desenvolvimento de talentos artisticos, ajuda no auto-cnhecimento de cada aluno. Paulo Gonçalves Neves Neto, de 12 anos, sempre foi agitado, não parava em sala de aula, mas descobriu na arte uma maneira de controlar a hiperatividade.

O projeto funciona como se a escola fosse uma fábrica dividida em setores. Cada turma fica responsável por uma etapa do processo. E olha que eles começam bem pequenos. Os alunos do pré escolar juntaram caixas de leite durante sete meses, lavaram todas elas e agora estão na tapa de corte. E são muito habilidosos, Glória Maria de 5 anos, não se desconcentra. A professora Débora Pires fica orgulhosa dos alunos e do projeto.

Os estudantes passam meses produzindo, imaginando as peças. Com criatividade de sobra, cada grupo monta um traje diferente com materiais reciclados. Essa turma aproveitou a fibra de bananeira, matéria prima em abundância na região, para montar um conjunto de saia e corselet, e ainda um terno masculino. O projeto já existe há 15 anos, mas de 4 anos para cá, é levado ainda mais a sério. Nestes anos todos, os alunos se envolveram na confecção das roupas com o tema: O Luxo no Lixo, informou a professora Adriana Pousada de Castro.

Mas tato trabalho não fica só na sala de aula. Os figurinos são apresentados dentro da escola. E esse foi apenas um ensaio, uma prévia do desfile oficial, com trajes de noivo e noiva feitos com forminhas de doces... e muito mais.